Análise dos Dados

A ingestão excessiva de álcool configura uma questão problemática. No Brasil, estudos têm mostrado que a taxa de prevalência de alcoolismo varia entre 3,0% e 6,0% na população geral. É considerado o terceiro motivo para o absenteísmo no trabalho, com elevadas taxas de aposentadorias precoces, acidentes de trabalho e de trânsito, responsável por proporção considerável de ocupação leitos hospitalares.

Como base de cálculo, foi utilizado um estudo no qual a população foi constituída por estudantes adolescentes da rede estadual de ensino fundamental médio do município de Cuiabá, MT, no ano de 1998. Foram definidos como elegíveis para inclusão no grupo, todos os estudantes matriculados na rede de ensino, na faixa etária de 10 a 20 anos de idade.

A principio as tabulações foram realizadas para se estimar a prevalência do consumo de álcool e alcoolismo. Foi medida a associação, bruta e ajustada, entre as variáveis sociodemográficas e familiares com o consumo de álcool e alcoolismo entre os adolescentes trabalhadores e não-trabalhadores pela razão de odds (RO) e de seu intervalo de confiança de 95%. As associações cujos intervalos de confiança da razão de odds não incluíram a unidade foram consideradas significativas. O controle de variáveis de confusão e de interações (modificação de efeito) foram realizadas por regressão logística.

Para o cálculo do tamanho da amostra foram considerados os seguintes parâmetros: a existência de uma prevalência de consumo de drogas na população, em 1995 (25,2%); proporção estimada de adolescentes trabalhadores (25%); prevalência de uso de drogas na vida entre os que não trabalham (15%); prevalência mínima a ser detectada entre os que trabalham (20%). Considerou-se poder estatístico de 80% e nível de significância de 5%. Com esses procedimentos, a amostra mínima requerida para compor o grupo de estudantes adolescentes trabalhadores seria de 643 estudantes e de 1.929 para o grupo de não-trabalhadores.

As primeiras tabelas apresentam as características da amostra total dos adolescentes trabalhadores e não-trabalhadores, segundo variáveis sociodemográficas e familiares.

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Observa-se a predominância de adolescentes do sexo feminino (56,1%), faixa etária de 15-20 anos (55,9%), da religião católica (60,9%), da raça/cor não-branca (64,5%), de nível socioeconômico alto (72,2%), que moram com os pais (62,2%), sem histórico de uso de álcool na família (52,3%). Entre os trabalhadores, observa-se maior proporção de homens (52,8%), na faixa etária de 15-20 anos (75,8%,) enquanto que o grupo de não-trabalhadores compõe-se na sua maioria de mulheres (61,2%) na faixa etária de 10-14 anos (55,7%).

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Dos participantes, 1.928 (71,3%) afirmaram fazer o uso de bebidas alcoólicas (Figura 1). A cerveja ou chopp foi à bebida mais consumida, sendo citada pela maioria dos adolescentes. A média de idade de início do uso de bebidas alcoólicas foi aproximadamente aos 13,09 anos (DP=2,66) entre os adolescentes trabalhadores e aos 12,43 anos (DP=2,62) entre os não-trabalhadores.

A prevalência de consumidores de bebidas alcoólicas na amostra apresenta tendência linear de crescimento segundo o aumento da faixa etária (Figura 2).

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